quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Leituras da Cidade



Leituras da Cidade

Projeto de Educação para o Patrimônio com vistas à formação de graduandos dos cursos de História e Museologia da UFRGS e educadores da rede de ensino de Porto Alegre, tendo como objeto de estudo e ação pedagógica o Centro Histórico de Porto Alegre, em especial, e a cidade como um todo. Compreende formações presenciais, edição de publicação e criação de website.
O website Leituras da Cidade reúne informações visuais e escritas concernentes à cidade de Porto Alegre para consulta dos educadores e utilização em suas práticas pedagógicas. A rede visa congregar os educadores, abrindo fóruns de discussão e troca de experiências de forma permanente sobre suas ações em sala de aula relacionadas ao Centro Histórico e à cidade de Porto Alegre. 

A proposta tem uma perspectiva multidisciplinar (arquitetura, arte, história, arqueologia, antropologia, educação, museologia), possibilitando diversas leituras da cidade, suas memórias, histórias e patrimônios.

Coordenação
Prof. Dra Zita Rosane Possamai
Departamento de Ciências da Informação/FABICO


Monumento Cívico a Julio de Castilhos


Situado em Porto Alegre, na Praça Marechal Deodoro da Fonseca,  o monumento a Julio de Castilhos encomendado em 1903 por Borges de Medeiros, três dias após a morte do líder republicano no RS, dialogava com as edificações próximas, locais de sociabilidade, religiosidade e de governo, representados pelo Teatro São Pedro, Bailante-que mais tarde foi substituída pelo Auditório Araújo Vianna, Câmara Municipal-substituído pelo prédio do Palácio da Justiça, Palácio Provincial, hoje Palácio Piratini.      
Em telegrama a Décio Villares, pintor e escultor carioca, identificado com o Positivismo de Comte, o chefe do governo gaúcho Borges de Medeiros estabeleceu a representação de Julio de Castilhos em três fases de sua vida: juventude, maturidade e velhice.  
Construído em forma de pirâmide, estampa várias figuras metálicas que contam a história e as virtudes do biografado.  
Na face oeste está representado em sua juventude entregando o periódico republicano “A Federação”(criado em 1881). No lado norte é representado na maturidade, época de sua morte, no auge do poder político. Aparece como que se erguendo da cadeira onde se acomodara e com livro na mão, mostrando um homem letrado, pronto para agir. Seu olhar busca o futuro. Na face leste, uma alegoria representa o personagem sábio e idoso. É a figura patriarcal que consulta o escrito que traz no colo. Com a cabeça apoiada no braço, assemelha-se ao Pensador de Rodin com quem Villares teve contato em Paris.  
Foram fundidas também outras alegorias que não foram citadas na correspondência de Borges de Medeiros a Villares e que representam o governo positivista: a Firmeza, figura masculina que guarda o poder com suas chaves; a Coragem, também uma figura masculina se lançando no horizonte  com louros da vitória na mão esquerda e a Prudência que, com a mão esquerda, aparta o voo da Coragem e com a mão direita aponta para o perigo representado pelo dragão. No lado sul, a presença do gaúcho a cavalo que comemora a República.
Encimando as figuras, no topo da pirâmide, aparecem as datas que remetem à instalação da República Francesa (1789) e Brasileira (1889). Este regime político é também representado por uma figura feminina que tem às mãos um archote de luz (símbolo de iluminação). Posiciona-se sobre uma esfera com os dizeres da bandeira nacional “Ordem e Progresso” sobre a representação do Castelo da Bastilha.  
Até a Revolução de 1930, eram realizadas atividades cívicas no local, na data de morte do líder político, dia 24 de outubro.          
     
Fotos: www.webpoa.com (acesso em 17-09). Coloridas: da autora do blog, obtidas durante explanação da Professora Dra. Elisabete Leal em 9/set/15.   
Dra. Elisabete Leal
Leituras realizadas:
NEDEL, Letícia Borges. Breviário de um museu mutante. Horizontes antropológicos, Porto Alegre, ano 11, n. 23, jan./jun. 2005, p.71-86.
NEDEL, Letícia Borges. Da coleção impossível ao espólio indesejado: memórias ocultas do Museu Júlio de Castilhos. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v.2, n.38, dez. 2006, p.11-31.
LEAL, Elisabete da Costa. Os  filósofos  em  tintas  e  bronze: arte,  positivismo  e  política  na obra  de  Décio  Villares  e  Eduardo  de  Sá.  2006.  Tese  (Doutorado  em  História  Social). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006