segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

AULA INAUGURAL – Profª. Drª. Maria Margaret Lopes

No último dia 5 de dezembro, tivemos a oportunidade de participar, no auditório 1 da FABICO, da aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio/UFRGS. A convidada foi a Professora Dra. Maria Margaret Lopes.
O encontro foi aberto pela Dra. Karla Müller, diretora da FABICO que relatou seu júbilo por estar, naquela data, o Bacharelado em Biblioteconomia, completando 70 anos de funcionamento. 
A fala da Profª Maria Margaret, Museu, Museologia e História da Ciência: um itinerário multidisciplinar trouxe o relato de sua experiência acadêmica e de pesquisadora na área da Museologia, mas que se ampliou na área de ciências e museus desta tipologia, devido a sua formação em geologia. Já havia lido, em 2015, seu livro O Brasil descobre a pesquisa: os museus e as ciências naturais o século XIX, fruto da sua tese no doutoramento em História Social/USP/1993 que, com especial detalhamento, traz à luz o trabalho de pesquisa em ciências naturais desenvolvido nos museus brasileiros, espaço que posteriormente foi ocupado pelas universidades.
Ao iniciar sua exposição mostrou-se muito preocupada e propôs uma reflexão acerca da perda das coleções ocasionada pelo fechamento de parte ou a totalidade de instituições museais e de pesquisa como a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Lembrou-se da gravidade para o futuro, nem tão distante, da interrupção e perda da atividade de pesquisa e produção nesta área.
Ao lembrar que as exposições museológicas são fruto de uma disputa de poder e que, ainda na maioria das vezes, prevalece o olhar hegemônico, exemplificou o fato com a presença icônica entre nós de dioramas e vitrines tal qual os tradicionais museus ingleses e norte-americanos. Chamou a atenção para a naturalização das percepções sobre as práticas expositivas em museus de ciências brasileiros, sem rompimento de construções pré-estabelecidas.
Comentou que a passagem do tempo pode, diferente do esperado, desconstruir iniciativas que faziam circular a produção do conhecimento, como as publicações compartilhadas pelos museus latino-americanos acerca da pesquisa produzida pelos naturalistas.
Relatou suas peregrinações por diversas instituições europeias e norte-americanas como a Universidade Humboldt em Berlim, Museu de Confluence de Lyon-França e de Antropologia no Canadá onde participou de discussões acerca da produção científicas nas instituições dedicadas às ciências naturais.
Tratando sobre objetos em exposição, relatou as diferentes reações do público quando constrói diferentes significados, variantes de sua cultura. Neste mesmo tópico, criticou o uso indiscriminado e já visto como superado por vários autores, do predomínio da tecnologia sobre o objeto nas exposições.
Professoras Maria Margaret e Zita Possamai, durante o evento
Ao finalizar, sua opinião de que “museu não é lugar de memória, mas sim de produção de conhecimento, mesmo que não tenha uma pesquisa científica forte” promoveu uma forte concordância entre os presentes, pois constrói uma instituição atrelada à contemporaneidade, e a serviço da sociedade. 

Prof. Maria Margaret
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário