AULA
INAUGURAL – Profª. Drª. Maria Margaret Lopes
No
último dia 5 de dezembro, tivemos a oportunidade de participar, no
auditório 1 da FABICO, da aula inaugural do Programa de
Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio/UFRGS. A convidada foi a
Professora Dra. Maria Margaret Lopes.
O
encontro foi aberto pela Dra. Karla Müller, diretora da FABICO que
relatou seu júbilo por estar, naquela data, o Bacharelado em
Biblioteconomia, completando 70 anos de funcionamento.
A
fala da Profª Maria Margaret, Museu,
Museologia e História da Ciência: um itinerário multidisciplinar
trouxe o relato de sua experiência acadêmica e de pesquisadora na
área da Museologia, mas que se ampliou na área de ciências e
museus desta tipologia, devido a sua formação em geologia. Já
havia lido, em 2015, seu livro O Brasil descobre a pesquisa: os
museus e as ciências naturais o século XIX, fruto da sua tese no
doutoramento em História Social/USP/1993 que, com especial
detalhamento, traz à luz o trabalho de pesquisa em ciências
naturais desenvolvido nos museus brasileiros, espaço que
posteriormente foi ocupado pelas universidades.
Ao
iniciar sua exposição mostrou-se muito preocupada e propôs uma
reflexão acerca da perda das coleções ocasionada pelo fechamento
de parte ou a totalidade de instituições museais e de pesquisa como
a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Lembrou-se da
gravidade para o futuro, nem tão distante, da interrupção e perda
da atividade de pesquisa e produção nesta área.
Ao
lembrar que as exposições museológicas são fruto de uma disputa
de poder e que, ainda na maioria das vezes, prevalece o olhar
hegemônico, exemplificou o fato com a presença icônica entre nós
de dioramas e vitrines tal qual os tradicionais museus ingleses e
norte-americanos. Chamou a atenção para a naturalização das
percepções sobre as práticas expositivas em museus de ciências
brasileiros, sem rompimento de construções pré-estabelecidas.
Comentou
que a passagem do tempo pode, diferente do esperado, desconstruir
iniciativas que faziam
circular a produção do conhecimento, como as publicações
compartilhadas pelos museus latino-americanos acerca da pesquisa
produzida pelos naturalistas.
Relatou
suas peregrinações por diversas instituições europeias e
norte-americanas como a Universidade Humboldt em Berlim, Museu de
Confluence de Lyon-França e de Antropologia no Canadá onde
participou de discussões acerca da produção cientÃficas nas
instituições dedicadas às ciências naturais.
Tratando
sobre objetos em exposição, relatou as diferentes reações do
público quando constrói diferentes significados, variantes de sua
cultura. Neste mesmo tópico, criticou o uso indiscriminado e já
visto como superado por vários autores, do predomÃnio da tecnologia
sobre o objeto nas exposições.
Professoras Maria Margaret e Zita Possamai, durante o evento |
Ao
finalizar, sua opinião de que “museu não é lugar de memória,
mas sim de produção de conhecimento, mesmo que não tenha uma
pesquisa cientÃfica forte” promoveu uma forte concordância entre
os presentes, pois constrói uma instituição atrelada Ã
contemporaneidade, e a serviço da sociedade.
Prof. Maria Margaret |
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