quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

O passado olha para o presente: o que você quer de mim?


Palestra: A educação patrimonial 3D – Três décadas de plantio: a arte da inteligência e a inteligência do olhar

No dia 9 de outubro tivemos a oportunidade de ouvir a Museóloga Maria de Lourdes Parreiras Horta no Centro Histórico Cultural da Santa Casa. Graduada em Museologia nos anos 1960 pela Universidade do Brasil - Curso de Museus, atual Escola de Museologia da UNIRIO, em sua vida profissional, atuou em entidades de referência para a Museologia como o Museu Nacional de Belas Artes,  Ministério da Educação e Cultura,  Associação Brasileira de Museologia,  Museu Imperial de Petrópolis, Fundação Nacional Pró-Memória, UNIRIO, Ministério da Cultura, Museu Nacional de Belas Artes, ICOM-Brasil, entre outros.  
A ocasião foi marcada também pelo lançamento do e-book “Patrimônio, Ensino e Educação: formação patrimonial”, resultado do evento  I Encontro de Educação para o Patrimônio do CHC Santa Casa, que assisti em 2015, onde professores que atuam na educação patrimonial trouxeram o relato de suas experiências e iniciativas.
A Dra. Maria de Lourdes trouxe, em sua fala, a preocupação com a preservação das memórias neste tempo de comunicação instantânea e fugaz e de formas de suporte de vida curta, acompanhando a evolução tecnológica e exigindo constante atualização. 
Muito entusiamada com o tema da educação patrimonial, assunto que é alvo de sua pesquisa e produção, vê este processo como uma forma de levar adultos e crianças à elaboração do autoconhecimento, através de sua herança cultural.
Contou com especial carinho acerca da sua experiência junto à Eletrosul no Programa Arca de Noé. Foi uma ação de preservação da memória e do patrimônio cultural da população de quatro municíos do Rio Grande do Sul (Aratiba, Marcelino Ramos (onde foi perdido o “estreito” que conheci criança e permitia colocar um pé em SC e outro no RS, Severiano de Almeida e Mariano Moro) e seis de Santa Catarina (Itá, Alto Bela Vista, Concórdia, Piratuba, Ipira e Peritiba) que foram parcialmente inundados quando da construção da Usina Hidroelétrica de Itá, no Rio Uruguai.  Esta obra, planejada desde os anos 1980, envolvia perto de quatro mil famílias que viviam nesses locais da agricultura e da suinicultura. Para além do problema das alterações econômicas, sociais e ambientais que a construção da usina acarretava, existia a necessidade de revisitar os valores dos atingidos pela barragem, todos descendentes de colonos poloneses, alemães e italianos que ali haviam se estabelecido nos anos 1920. Na realocação, as famílias buscavam preservar o modo de morar e de viver baseados  no  resgate histórico e cultural desenvolvido no programa Arca de Noé, com ênfase na memória coletiva. A profª Maria de Lourdes nos mostrou fotos das atividades de oficinas de educação patrimonial desenvolvidas com professores municipais que trabalhavam com a identidade cultural, seus modos de viver e fazer.
Em sua fala, relatou também, sobre o projeto de educação patrimonial  realizado na  Quarta Colônia, nos anos 1990, e que envolveu a rede escolar dos sete municípos (Nova Palma, Faxinal do Soturno, D. Francisca, Ivorá, entre outros) que compõem este espaço de colonização italiana, o primeiro fora da região da serra gaúcha.  Durante três anos foi inserido o trabalho de educação patrimonial nos currículos escolares buscando a valorização da  de suas raízes culturais e de recuperação da auto-estima. Além dos alunos e professores, pais e avós foram convidados a participar da atividade.

Foi muito proveitoso ouvir a fala entusiasmada da profª Maria de Lourdes acerca dos projetos e instituições onde atuou por bem mais de trinta anos, como esclareceu. Já vínhamos aguardando sua presença desde o  semestre  anterior, mas certamente, neste momento da BIB 03241 – Educação em Museus,  pela preparação para o tema, foi mais adequado.          

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

AÇÃO EDUCATIVA NO MUSEU JOAQUIM FRANCISCO DO LIVRAMENTO DO CENTRO HISTÓRICO CULTURAL DA SANTA CASA DE PORTO ALEGRE. 


VIOLÊNCIA CONTRA MULHER: FATOS DO PASSADO E DO PRESENTE


          Dia 28 de setembro nosso encontro semanal ocorreu no CHC para conhecermos a proposta de ação educativa que as colegas Alahna da Rosa, Julia  Jaeger e Kimberly Pires idealizaram no semestre 2/2016. Trata-se da oportunidade de, a partir da documentação presente nos arquivos da Santa Casa,  contar a história de abandono na infância, agressão e violência contra a mulher. A referência de pesquisa deste trabalho foi o capítulo “Trajetória de Vida da Professora Veridiana Monteiro (1863-1935): uma exposta na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre” presente no volume IV da obra Histórias Reveladas que a Santa Casa, desde 2009, publica periodicamente. A pesquisa é de Rogério Pons da Silva, jornalista, pesquisador e bisneto de Veridiana.


          No início da ação educativa tivemos uma visita mediada pelas três colegas, autoras da proposta. Depois, já no 2º andar, fomos divididos em grupos e cada grupo recebeu uma caixa plástica que continha fotocópias de documentos do arquivo da instituição, dados estatísticos, legislação. A informação, somente nos revelado no final da atividade, é que os temas remetem a uma única personagem que experenciou o abandono na infância pois foi deixada na Roda dos Expostos e a violência, eis que foi vítima de espancamentos pelo segundo marido.

          Nosso grupo recebeu a caixa que continha a carta da “Roda”, o texto da Lei 11340/2006, (Lei Maria da Penha) e também um compilado de dados estatísticos acerca de lesões corporais e feminicídio da Secretaria da Segurança Pública/RS e do Ministério da Justiça/SENASP.  Também continha informações sobre o programa Rede Lilás que oferece medidas protetivas a mulheres vítimas de agressões física, sexual e psicológica. Fomos orientados por uma das autoras, kimberly, que, após a leitura do conteúdo, oportunizou o debate sobre o material ali reunido. 

          
          Cada grupo, terminada esta etapa da dinâmica, apresentou suas conclusões para os demais colegas. A atividade foi encerrada com o vídeo  Pai, me ajude: nasci menina (https://www.youtube.com/watch?v=fBJpg0thP3Y) que busca sensibilizar a assistência sobre o tema da violência contra a mulher. Além da qualidade do material escolhido e preparado pelas colegas, chama a atenção a utilização da documentação como fulcro da ação que gera o debate sobre as relações sociais contemporâneas onde, infelizmente, os fatos registrados na vida da professora Veridiana Monteiro se repetem.   

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Aula 2.
Texto de referência:

Colecionar e educar: o Museu Julio de Castilhos e seus públicos (1903 1925), de Zita Rosane Possamai. 


A instituição foi idealizada por Julio Prates de Castilhos e criado em 1903 (Dec-Lei 589) pelo Presidente do Estado, Borges de Medeiros, como “Museu do Estado”. Em 1907, passou a denominar-se  “Museu Julio de Castilhos”, em homenagem ao ex-presidente do Rio Grande do Sul, falecido em 1903. Foi a primeira instituição museológica do Estado e seu acervo exibia artefatos indígenas, peças históricas, obras de arte, coleções de zoologia, botânica e mineralogia, objetos que representavam as características do Estado. Sua sede eram dois pavilhões no Parque da Redenção, construídos para a primeira Exposição Agropecuária e Industrial do Rio Grande do Sul, em 1901.

Figura 1: Fachada do Museu Julio de Castilhos 
Fonte: Ricardo André Frantz (User:Tetraktys) - taken by Ricardo André Frantz, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=2500493
       Na década de 1950, os diversos acervos foram alocados as novas instituições afins: Museu de História Natural (atual Museu da Fundação Zoobotânica), o Museu de Arte (atual MARGS) e o Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. Há quase três décadas sua estrutura administrativa está vinculada à Secretaria Estadual da Cultura. 
O texto de Possamai (2014): “tem o objetivo [...] de verificar em perspectiva histórica a relação entre o Museu [...] e seu público visitante, nas primeiras décadas de sua trajetória, entre 1903 e 1925”. 
Em sua constituição, as quatro seções que aparecem em seu regulamento são: zoologia e botânica(1ª seção); mineralogia, geologia e paleontologia (2ª seção); antropologia e etnologia (3ª seção) e ciências, artes e documentos históricos (4ª seção); ou seja, obedecia a um perfil muito próximo ao de instituições semelhantes surgidas, no Brasil e no mundo, no período compreendido pelo fim do século XIX/início do século XX e que norteavam-se pela concepção positivista da ciência.  
Seu primeiro diretor foi o professor Francisco Rodolpho Simch que buscou, no conhecimento das coleções, uma plataforma de estudos das coleções, especialmente botânica, zoologia e mineralogia, para exploração econômica de nossas riquezas naturais. No dizer da autora (2014),  “o Museu Julio de Castilhos pode ser considerada uma das instituições precursoras do desenvolvimento das ciências no Rio Grande do Sul, estando sua atuação em sintonia com os pressupostos positivistas então vigentes”.  
        Acerca da relação com seu público, já em sua constituição, previa o acesso em geral, e alargava este direito para estudantes e professores, em datas não previstas de abertura. Relatórios sobre a demanda de público faziam parte das obrigações dos gestores e o de  estudantes é registrado como o de maior ocorrência em diversos períodos.  Registra Possamai,
Mesmo com poucos anos de existência, o museu ia  tomando parte na vida escolar dos portoalegrenses,  assegurando um lugar como instituição educativa e  transmissora de saberes vinculados especialmente às  ciências naturais. 

Método intuitivo ou “Lição de Coisas”


O método intuitivo, baseado na observação, na experimentação, na reflexão e na representação, evitando-se a memorização, chegou ao Brasil através de obra norte-americana traduzida por Rui Barbosa. Busca a construção do conhecimento através da visão, tato, audição, odor e sabor, privilegiando o contato  do indivíduo com seu objeto de estudo, real ou mesmo representado (desenho, gravura). Exprime sua experiência pessoal, única e intransferível que, partindo do concreto, formulava abstrações.  A autora vê na metodologia empregada pelo diretor Simch a expressão do método:

É possível observar nas práticas e ideias expressas por  Francisco Rodolpho Simch uma afinidade com os  pressupostos do método intuitivo ao privilegiar a  coleta, estudo, classificação e exposição de coleções vinculadas especialmente às ciências naturais, concebendo seus produtos como aqueles que  permitiriam  uma utilidade prática pela sociedade em favor do desenvolvimento econômico do estado do Rio Grande do Sul. 

                  Entende a instituição como uma referência para as organizações de educação formal que, através da metodologia empregada na aquisição, conservação, pesquisa e exposição do seu acervo do Museu, viam suas demandas educacionais atendidas, em visitas ao Museu Júlio de Castilhos. 
  

                                                        REFERÊNCIA


POSSAMAI, Zita. R.Colecionar e educar: o Museu Julio de Castilhos e seus públicos (1903 1925). Varia História (UFMG. Impresso), v. 30, p. 365-389, 2014. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/vh/v30n53/04.pdf>. Acesso em 20. dez. 2017.



quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

AÇÃO EDUCATIVA EM MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA 

FUNDAÇÃO VERA CHAVES BARCELLOS


Margarita Kremer, Coordenadora do Programa Educativo da FVCB, recebendo o grupo de alunos com a Profª Zita Possamai 

 Em 16 novembro, como parte das atividades da Disciplina EDUCAÇÃO EM MUSEUS, a turma U do Bacharelado em Museologia, orientados pela Profª Zita Possamai, foi conhecer as atividades educativas desenvolvidas na Fundação Vera Chaves Barcellos. A visita iniciou pela exposição que reúne obras do espanhol Antoni Muntadas (1942-Barcelona), Élcio Rossini, Antonio Augusto Bueno, Rogério Livi, entre outros.  A curadoria da mostra é da dupla Ío: Laura Cattani e Munir Klamt.
O grupo observando obras no pomar. 

Margarita dividiu com o grupo suas experiências como arte educadora e artista visual na condução do espaço educativo da Fundação, como a Educação Continuada em Artes, na 14ª edição, oferecido a educadores. Além do espaço interno, no pátio, onde a FVCH "...oferece ao público uma experiência de fruição artística em meio a um ambiente circundado pela natureza"... o grupo teve oportunidade de conhecer, através do relato de Margarita, as diversas experiências educativas com diferentes faixas de idade e escolaridade.  

Sala dos Pomares - Em 1º plano, parte da obra de Martha Gofre - ANTESSALA-Duas Mesas-2017 (fotos autora blog) 



terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Museu de Ciências Naturais/FZB-RS

MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS DA FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO RS


Com o objetivo de conhecer o trabalho educativo desenvolvido na instituição, em 26 de outubro estivemos, acompanhados pela Professora Zita Possamai (Educação em Museus - BIBO3241) no Museu de Ciências Naturais, que juntamente com o Jardim Botânico e o Parque Zoológico do município de Sapucaia, compõem a Fundação Zoobotânica do RS da Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.     
O Museu Riograndense de Ciências Naturais foi criado em 1955 e sua primeira sede foi no Centro Histórico de Porto Alegre, na Praça Dom Feliciano, 78.  O cientista Padre Balduíno Rambo foi o primeiro diretor da instituição. Seu acervo inicial foi composto por peças zoológico-paleontológicas e coleções de periódicos científicos oriundas do Museu Estadual Julio de Castilhos. O Museu ocupou diversos espaços na cidade até 1974 quando, junto com o Parque Zoológico e o Jardim Botânico, na estrutura da Fundação Zoobotânica, foi instalado na atual sede, no Bairro Jardim Botânico.  

Em nossa visita fomos recebidos pelas técnicas da Seção de Educação Ambiental e Museologia, a bióloga Laura Tavares e a historiadora Márcia Spadoni. Laura nos apresentou o material que é utilizado nas visitas de escolares e de formação de educadores (Curso de Formação de Professores) abordam temáticas referentes à preservação da nossa biodiversidade e espécies expostas ao risco de extinção em nosso Estado. Márcia explanou acerca das opções de atividades educativas desenvolvidas na instituição como mediação, o jogo da trilha da biodiversidade que, de forma cooperativa, trata do tema agregando conhecimento aos participantes. Também discorreu sobre as oficinas de fauna e flora, como uma oportunidade de sensibilização e reflexão acerca das atitudes que devemos incorporar para preservar nosso patrimônio natural. Além dessas, relatou experiências concebidas pela equipe e desenvolvidas em instituições de ensino ou espaços públicos, como Ciência na Praça, O Museu vai à Escola e Educação Ambiental na Escola.  As técnicas veem essas ações, assim como a visita mediada no MCN que tivemos oportunidade de realizar, como uma ocasião de promover a interação entre o público e o importante acervo museal disponível.  


Bióloga Laura Tavares em visita mediada com alunos da Museologia/UFRGS

Considerando o padrão de seu acervo que o torna uma referência com mais de 600 mil lotes/espécies contendo exemplares coletados desde o final do século XIX e a qualificação de seus pesquisadores, um forte movimento se interpôs ao Decreto Estadual 53.756/2017 que  extingue seis fundações de direito privado até abril/2018.  No trâmite desse processo, professores dos Institutos de Biociências e Geociências da UFRGS (2017) manifestaram-se em carta dirigida ao Tribunal de Contas e à população do Estado RS acerca da extinção da FZB:  
As coleções científicas e de exposição do MCN estão armazenadas em 15 salas climatizadas e tecnicamente equipadas, que em conjunto ocupam uma área de 1.300 m². De grande e insubstituível importância para a Ciência mundial, merecem destaque os 2.883 espécimes-tipo [...]. Esses exemplares são patrimônio da humanidade e sua manutenção é fundamental para a estabilidade da nomenclatura e contínuo processo de descrição de nossa biodiversidade. As coleções científicas do Museu de Ciências Naturais da FZBRS constituem o maior acervo de material-testemunho da biodiversidade dos ecossistemas terrestres e aquáticos do RS, além de ser, em seu conjunto, a mais representativa do Bioma Pampa. Desde 2002, por meio da Deliberação nº 5 do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) do Ministério do Meio Ambiente, o MCN foi credenciado como instituição Fiel Depositária de Componentes do Patrimônio Genético. No RS, o MCN é o único órgão Estadual detentor deste credenciamento.
Apesar das imposições legais hoje vigentes que salvaguardam o nosso patrimônio natural sob amparo do Museu de Ciências Naturais, do Jardim Botânico e do Zoológico de Sapucaia, o risco de retrocesso científico, cultural e da história do Rio Grande do Sul, com a extinção da Fundação que os gere, é uma circunstância evidente.  
   
Grupo de alunos Bacharelado Museologia UFRGS no MCN com bióloga Laura Tavares (fotos autora texto)

REFERENCIAS
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria do Meio Ambiente (Org.). Educação ambiental e museologia. 2017. Disponível em: <http://www.mcn.fzb.rs.gov.br/>. Acesso em: 30 dez. 2017.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ed.). Instituto de Biociências e Instituto de Geociências da UFRGS emitem carta aberta opondo-se à extinção da Fundação Zoobotânica. 2017. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/biociencias/index.php/noticias/232-instituto-de-biociencias-e-instituto-de-geociencias-da-ufrgs-emitem-carta-aberta-ao-governador-do-estado-do-rs>. Acesso em: 30 dez. 2017. 

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Prof.ª Dr.ª ZITA ROSANE POSSAMAI

ATIVIDADE: ANÁLISE DE MATERIAL EDUCATIVO


O material educativo analisado pertence à Pinacoteca Aldo Locatelli da estrutura da Secretaria Municipal da Cultura, Prefeitura Municipal de Porto Alegre. A Pinacoteca Municipal se constituiu da disposição de obras de arte, no início do século XX, no Paço Municipal de Porto Alegre. Em 1974, recebeu a atual denominação homenageando o italiano que aqui atuou na produção e ensino, especialmente, da arte mural. Após a realocação, por um período, de seu acervo para o prédio do MARGS – Museu de Artes do Rio Grande do Sul, no início dos anos 2000 com a restauração do Paço Municipal, o acervo da Pinacoteca voltou ao prédio de origem já dispondo de uma bem equipada reserva técnica e de espaços que atendem às normativas museológicas.
Selecionamos para análise um jogo tradicional de memória intitulado JOGO DA MEMÓRIA – Coleção Paisagens de Porto Alegre e assim apresentado:
Em uma caixa de papelão com medidas aproximadas de 70 x 120 mm estão acondicionadas 62 (sessenta e duas) cartas, que formam, duas a duas, uma reprodução pictórica de uma obra do acervo da Pinacoteca Aldo Locatelli, com cenas, espaços públicos e edificações da cidade de Porto Alegre, em diferentes épocas.
As cartas coloridas são impressas em papel impermeabilizado com alta gramatura, aproximadamente 250g/m2. Destina-se, conforme as instruções contidas na caixa, a todas as idades. O jogo obedece ao seguinte regramento: após a distribuição da totalidade das cartas numa superfície horizontal com o verso exposto, um jogador deve expor o anverso de uma carta e procurar seu par entre as demais 61 cartas. Encontrando o par o jogador recolhe para si as duas hemi-imagens e repete a jogada até não mais conseguir formar um par. Nesta etapa, passa para o(s) outro(s) jogador (es). Ao final, quem obtiver o maior número de pares, é o vencedor do jogo. Uma variante é estabelecer curtos períodos de tempo de jogo para avaliar, ao final, quem reuniu a maior quantidade de pares. Ao unir duas cartas para formar a imagem completa, os jogadores reconstituirão 31 (trinta e um) trabalhos dos artistas cujas obras compõem o jogo. São obras de pintores brasileiros e europeus como Alice Fortes, Ângelo Guido, Augusto Luiz de Freitas, Benito Mazon Castañeda, Carlos Scliar, Edgar Koetz, João Faria Viana, Francis Pelichek, Francisco Filsinger, Gastão Hofstetter, Giovanni Falcone, J. Altair, João Madalloni Betoni, Jair Dias, Luiz Maristany de Trias, Torquato Bassi.
Nesta atividade de JOGO DE MEMÓRIA, o lúdico apresenta-se como uma ferramenta metodológica no processo ensino-aprendizagem. Por se tratar de uma atividade dinâmica e que é provavelmente oferecida a grupos de diferentes formações, percebe-se que o jogo foi planejado para superar obstáculos como a não-alfabetização e outros de maior complexidade pertinentes à educação formal. Desse modo, consegue atender ao proposto nas instruções, que é a adequação a todas as idades. Entende-se que o jogo, em várias formas, atua como um facilitador na construção do próprio conhecimento o que, nesta proposta ocorre, pois ao observar as imagens, os jogadores buscam correlacioná-las e reconstruí-las espacialmente. Além disso, ao participarem da atividade têm a oportunidade de outras vivências como a emoção, o estabelecimento de regras e socialização, num ambiente de aprendizagem.
Acerca das estampas, o manuseio das cartas durante a atividade familiariza os jogadores com as obras do acervo da Pinacoteca Aldo Locatelli que retratam a cidade de Porto Alegre; com os seus autores, assim como as técnicas utilizadas, suas dimensões e denominações, correlacionando-as ao espaço atual do desenho urbano da Capital.
O papel reservado ao mediador é de estímulo e condução da atividade, propondo a construção dos grupos de jogadores, estabelecendo o período de tempo para formação do maior número de pares, referindo as obras estampadas no jogo, dentre outras.
O JOGO DE MEMÓRIA – Coleção Paisagens de Porto Alegre foi confeccionado com material de ótima qualidade o que lhe garante durabilidade mesmo com o uso frequente. É uma excelente estratégia para construção interativa do conhecimento de modo divertido acerca da arte e nosso espaço urbano. 
 Fig. 1 - JOGO DE MEMÓRIA – Paisagens de Porto Alegre
Fig. 2 – Seis meias-cartas formando três imagens
do acervo da Pinacoteca Aldo Locatelli
Anelise, Jenifer, Susete