O passado olha para o presente: o que você quer de mim?
Palestra: A educação patrimonial 3D – Três décadas de plantio: a arte da inteligência e a inteligência do olhar
No dia 9 de outubro tivemos a
oportunidade de ouvir a Museóloga Maria de Lourdes Parreiras Horta no Centro
Histórico Cultural da Santa Casa. Graduada em Museologia nos anos 1960 pela
Universidade do Brasil - Curso de Museus, atual Escola de Museologia da UNIRIO,
em sua vida profissional, atuou em entidades de referência para a Museologia
como o Museu Nacional de Belas Artes,
Ministério da Educação e Cultura,
Associação Brasileira de Museologia,
Museu Imperial de Petrópolis, Fundação Nacional Pró-Memória, UNIRIO, Ministério
da Cultura, Museu Nacional de Belas Artes, ICOM-Brasil, entre outros.
A
ocasião foi marcada também pelo lançamento do e-book “Patrimônio, Ensino e
Educação: formação patrimonial”, resultado do evento I
Encontro de Educação para o Patrimônio do CHC Santa Casa, que assisti em 2015,
onde professores que atuam na educação patrimonial trouxeram o relato de suas
experiências e iniciativas.
A Dra. Maria
de Lourdes trouxe, em sua fala, a preocupação com a preservação das memórias
neste tempo de comunicação instantânea e fugaz e de formas de suporte de vida
curta, acompanhando a evolução tecnológica e exigindo constante
atualização.
Muito
entusiamada com o tema da educação patrimonial, assunto que é alvo de sua
pesquisa e produção, vê este processo como uma forma de levar adultos e
crianças à elaboração do autoconhecimento, através de sua herança cultural.
Contou com
especial carinho acerca da sua experiência junto à Eletrosul no Programa Arca
de Noé. Foi uma ação de preservação da memória e do patrimônio cultural da
população de quatro municíos do Rio Grande do Sul (Aratiba, Marcelino Ramos
(onde foi perdido o “estreito” que conheci criança e permitia colocar um pé em
SC e outro no RS, Severiano de Almeida e Mariano Moro) e seis de Santa Catarina
(Itá, Alto Bela Vista, Concórdia, Piratuba, Ipira e Peritiba) que foram
parcialmente inundados quando da construção da Usina Hidroelétrica de Itá, no
Rio Uruguai. Esta obra, planejada desde
os anos 1980, envolvia perto de quatro mil famílias que viviam nesses locais da
agricultura e da suinicultura. Para além do problema das alterações econômicas,
sociais e ambientais que a construção da usina acarretava, existia a
necessidade de revisitar os valores dos atingidos pela barragem, todos
descendentes de colonos poloneses, alemães e italianos que ali haviam se
estabelecido nos anos 1920. Na realocação, as famílias buscavam preservar o
modo de morar e de viver baseados
no resgate histórico e cultural
desenvolvido no programa Arca de Noé, com ênfase na memória coletiva. A profª
Maria de Lourdes nos mostrou fotos das atividades de oficinas de educação
patrimonial desenvolvidas com professores municipais que trabalhavam com a
identidade cultural, seus modos de viver e fazer.
Em sua fala,
relatou também, sobre o projeto de educação patrimonial realizado na
Quarta Colônia, nos anos 1990, e que envolveu a rede escolar dos sete
municípos (Nova Palma, Faxinal do Soturno, D. Francisca, Ivorá, entre outros)
que compõem este espaço de colonização italiana, o primeiro fora da região da
serra gaúcha. Durante três anos foi
inserido o trabalho de educação patrimonial nos currículos escolares buscando a
valorização da de suas raízes culturais
e de recuperação da auto-estima. Além dos alunos e professores, pais e avós
foram convidados a participar da atividade.
Foi muito
proveitoso ouvir a fala entusiasmada da profª Maria de Lourdes acerca dos
projetos e instituições onde atuou por bem mais de trinta anos, como
esclareceu. Já vínhamos aguardando sua presença desde o semestre
anterior, mas certamente, neste momento da BIB 03241 – Educação em
Museus, pela preparação para o tema, foi
mais adequado.
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