terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Museu de Ciências Naturais/FZB-RS

MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS DA FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO RS


Com o objetivo de conhecer o trabalho educativo desenvolvido na instituição, em 26 de outubro estivemos, acompanhados pela Professora Zita Possamai (Educação em Museus - BIBO3241) no Museu de Ciências Naturais, que juntamente com o Jardim Botânico e o Parque Zoológico do município de Sapucaia, compõem a Fundação Zoobotânica do RS da Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.     
O Museu Riograndense de Ciências Naturais foi criado em 1955 e sua primeira sede foi no Centro Histórico de Porto Alegre, na Praça Dom Feliciano, 78.  O cientista Padre Balduíno Rambo foi o primeiro diretor da instituição. Seu acervo inicial foi composto por peças zoológico-paleontológicas e coleções de periódicos científicos oriundas do Museu Estadual Julio de Castilhos. O Museu ocupou diversos espaços na cidade até 1974 quando, junto com o Parque Zoológico e o Jardim Botânico, na estrutura da Fundação Zoobotânica, foi instalado na atual sede, no Bairro Jardim Botânico.  

Em nossa visita fomos recebidos pelas técnicas da Seção de Educação Ambiental e Museologia, a bióloga Laura Tavares e a historiadora Márcia Spadoni. Laura nos apresentou o material que é utilizado nas visitas de escolares e de formação de educadores (Curso de Formação de Professores) abordam temáticas referentes à preservação da nossa biodiversidade e espécies expostas ao risco de extinção em nosso Estado. Márcia explanou acerca das opções de atividades educativas desenvolvidas na instituição como mediação, o jogo da trilha da biodiversidade que, de forma cooperativa, trata do tema agregando conhecimento aos participantes. Também discorreu sobre as oficinas de fauna e flora, como uma oportunidade de sensibilização e reflexão acerca das atitudes que devemos incorporar para preservar nosso patrimônio natural. Além dessas, relatou experiências concebidas pela equipe e desenvolvidas em instituições de ensino ou espaços públicos, como Ciência na Praça, O Museu vai à Escola e Educação Ambiental na Escola.  As técnicas veem essas ações, assim como a visita mediada no MCN que tivemos oportunidade de realizar, como uma ocasião de promover a interação entre o público e o importante acervo museal disponível.  


Bióloga Laura Tavares em visita mediada com alunos da Museologia/UFRGS

Considerando o padrão de seu acervo que o torna uma referência com mais de 600 mil lotes/espécies contendo exemplares coletados desde o final do século XIX e a qualificação de seus pesquisadores, um forte movimento se interpôs ao Decreto Estadual 53.756/2017 que  extingue seis fundações de direito privado até abril/2018.  No trâmite desse processo, professores dos Institutos de Biociências e Geociências da UFRGS (2017) manifestaram-se em carta dirigida ao Tribunal de Contas e à população do Estado RS acerca da extinção da FZB:  
As coleções científicas e de exposição do MCN estão armazenadas em 15 salas climatizadas e tecnicamente equipadas, que em conjunto ocupam uma área de 1.300 m². De grande e insubstituível importância para a Ciência mundial, merecem destaque os 2.883 espécimes-tipo [...]. Esses exemplares são patrimônio da humanidade e sua manutenção é fundamental para a estabilidade da nomenclatura e contínuo processo de descrição de nossa biodiversidade. As coleções científicas do Museu de Ciências Naturais da FZBRS constituem o maior acervo de material-testemunho da biodiversidade dos ecossistemas terrestres e aquáticos do RS, além de ser, em seu conjunto, a mais representativa do Bioma Pampa. Desde 2002, por meio da Deliberação nº 5 do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) do Ministério do Meio Ambiente, o MCN foi credenciado como instituição Fiel Depositária de Componentes do Patrimônio Genético. No RS, o MCN é o único órgão Estadual detentor deste credenciamento.
Apesar das imposições legais hoje vigentes que salvaguardam o nosso patrimônio natural sob amparo do Museu de Ciências Naturais, do Jardim Botânico e do Zoológico de Sapucaia, o risco de retrocesso científico, cultural e da história do Rio Grande do Sul, com a extinção da Fundação que os gere, é uma circunstância evidente.  
   
Grupo de alunos Bacharelado Museologia UFRGS no MCN com bióloga Laura Tavares (fotos autora texto)

REFERENCIAS
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria do Meio Ambiente (Org.). Educação ambiental e museologia. 2017. Disponível em: <http://www.mcn.fzb.rs.gov.br/>. Acesso em: 30 dez. 2017.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ed.). Instituto de Biociências e Instituto de Geociências da UFRGS emitem carta aberta opondo-se à extinção da Fundação Zoobotânica. 2017. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/biociencias/index.php/noticias/232-instituto-de-biociencias-e-instituto-de-geociencias-da-ufrgs-emitem-carta-aberta-ao-governador-do-estado-do-rs>. Acesso em: 30 dez. 2017. 

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