MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS DA FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO RS
Com o objetivo
de conhecer o trabalho educativo desenvolvido na instituição, em 26 de outubro estivemos, acompanhados pela Professora Zita Possamai (Educação em Museus - BIBO3241) no Museu de Ciências Naturais, que juntamente com o Jardim Botânico e o Parque
Zoológico do município de Sapucaia, compõem a Fundação Zoobotânica do RS da
Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
O Museu Riograndense de Ciências Naturais foi criado em 1955 e sua
primeira sede foi no Centro Histórico de Porto Alegre, na Praça Dom Feliciano,
78. O cientista Padre
Balduíno Rambo foi o primeiro diretor da instituição. Seu acervo inicial foi
composto por peças zoológico-paleontológicas e coleções de periódicos
científicos oriundas do Museu Estadual Julio de Castilhos. O Museu ocupou
diversos espaços na cidade até 1974 quando, junto com o Parque Zoológico e o
Jardim Botânico, na estrutura da Fundação Zoobotânica, foi instalado na atual
sede, no Bairro Jardim Botânico.
Em nossa
visita fomos recebidos pelas técnicas da Seção de Educação Ambiental e
Museologia, a bióloga Laura Tavares e a historiadora Márcia Spadoni. Laura nos
apresentou o material que é utilizado nas visitas de escolares e de formação de
educadores (Curso de Formação de Professores) abordam temáticas referentes à preservação
da nossa biodiversidade e espécies expostas ao risco de extinção em nosso
Estado. Márcia explanou acerca das opções de atividades educativas desenvolvidas
na instituição como mediação, o jogo da trilha da biodiversidade que, de forma
cooperativa, trata do tema agregando conhecimento aos participantes. Também
discorreu sobre as oficinas de fauna e flora, como uma oportunidade de
sensibilização e reflexão acerca das atitudes que devemos incorporar para
preservar nosso patrimônio natural. Além dessas, relatou experiências concebidas
pela equipe e desenvolvidas em instituições de ensino ou espaços públicos, como
Ciência na Praça, O Museu vai à Escola e Educação Ambiental na Escola. As técnicas veem essas ações, assim como a
visita mediada no MCN que tivemos oportunidade de realizar, como uma ocasião de
promover a interação entre o público e o importante acervo museal disponível.
Bióloga Laura Tavares em visita mediada com alunos da Museologia/UFRGS |
Considerando o
padrão de seu acervo que o torna uma referência com mais de 600 mil lotes/espécies
contendo exemplares coletados desde o final do século XIX e a qualificação de
seus pesquisadores, um forte movimento se interpôs ao Decreto Estadual 53.756/2017
que extingue seis fundações de direito
privado até abril/2018. No trâmite desse
processo, professores dos Institutos de Biociências e Geociências da UFRGS (2017)
manifestaram-se em carta dirigida ao Tribunal de Contas e à população do Estado
RS acerca da extinção da FZB:
As coleções científicas e de exposição do MCN estão armazenadas em
15 salas climatizadas e tecnicamente equipadas, que em conjunto ocupam uma área
de 1.300 m². De grande e insubstituível importância para a Ciência mundial,
merecem destaque os 2.883 espécimes-tipo [...]. Esses exemplares são patrimônio
da humanidade e sua manutenção é fundamental para a estabilidade da
nomenclatura e contínuo processo de descrição de nossa biodiversidade. As
coleções científicas do Museu de Ciências Naturais da FZBRS constituem o maior
acervo de material-testemunho da biodiversidade dos ecossistemas terrestres e
aquáticos do RS, além de ser, em seu conjunto, a mais representativa do Bioma
Pampa. Desde 2002, por meio da Deliberação nº 5 do Conselho de Gestão do
Patrimônio Genético (CGEN) do Ministério do Meio Ambiente, o MCN foi
credenciado como instituição Fiel Depositária de Componentes do Patrimônio
Genético. No RS, o MCN é o único órgão Estadual detentor deste credenciamento.
Apesar das imposições
legais hoje vigentes que salvaguardam o nosso patrimônio natural sob amparo do Museu
de Ciências Naturais, do Jardim Botânico e do Zoológico de Sapucaia, o risco de
retrocesso científico, cultural e da história do Rio Grande do Sul, com a
extinção da Fundação que os gere, é uma circunstância evidente.
Grupo de alunos Bacharelado Museologia UFRGS no MCN com bióloga Laura Tavares (fotos autora texto) REFERENCIAS |
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria do Meio Ambiente (Org.). Educação ambiental e museologia. 2017. Disponível
em: <http://www.mcn.fzb.rs.gov.br/>. Acesso em: 30 dez. 2017.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ed.). Instituto de Biociências e Instituto de
Geociências da UFRGS emitem carta aberta opondo-se à extinção da Fundação
Zoobotânica. 2017. Disponível em:
<https://www.ufrgs.br/biociencias/index.php/noticias/232-instituto-de-biociencias-e-instituto-de-geociencias-da-ufrgs-emitem-carta-aberta-ao-governador-do-estado-do-rs>.
Acesso em: 30 dez. 2017.
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