terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Aula 2.
Texto de referência:

Colecionar e educar: o Museu Julio de Castilhos e seus públicos (1903 1925), de Zita Rosane Possamai. 


A instituição foi idealizada por Julio Prates de Castilhos e criado em 1903 (Dec-Lei 589) pelo Presidente do Estado, Borges de Medeiros, como “Museu do Estado”. Em 1907, passou a denominar-se  “Museu Julio de Castilhos”, em homenagem ao ex-presidente do Rio Grande do Sul, falecido em 1903. Foi a primeira instituição museológica do Estado e seu acervo exibia artefatos indígenas, peças históricas, obras de arte, coleções de zoologia, botânica e mineralogia, objetos que representavam as características do Estado. Sua sede eram dois pavilhões no Parque da Redenção, construídos para a primeira Exposição Agropecuária e Industrial do Rio Grande do Sul, em 1901.

Figura 1: Fachada do Museu Julio de Castilhos 
Fonte: Ricardo André Frantz (User:Tetraktys) - taken by Ricardo André Frantz, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=2500493
       Na década de 1950, os diversos acervos foram alocados as novas instituições afins: Museu de História Natural (atual Museu da Fundação Zoobotânica), o Museu de Arte (atual MARGS) e o Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. Há quase três décadas sua estrutura administrativa está vinculada à Secretaria Estadual da Cultura. 
O texto de Possamai (2014): “tem o objetivo [...] de verificar em perspectiva histórica a relação entre o Museu [...] e seu público visitante, nas primeiras décadas de sua trajetória, entre 1903 e 1925”. 
Em sua constituição, as quatro seções que aparecem em seu regulamento são: zoologia e botânica(1ª seção); mineralogia, geologia e paleontologia (2ª seção); antropologia e etnologia (3ª seção) e ciências, artes e documentos históricos (4ª seção); ou seja, obedecia a um perfil muito próximo ao de instituições semelhantes surgidas, no Brasil e no mundo, no período compreendido pelo fim do século XIX/início do século XX e que norteavam-se pela concepção positivista da ciência.  
Seu primeiro diretor foi o professor Francisco Rodolpho Simch que buscou, no conhecimento das coleções, uma plataforma de estudos das coleções, especialmente botânica, zoologia e mineralogia, para exploração econômica de nossas riquezas naturais. No dizer da autora (2014),  “o Museu Julio de Castilhos pode ser considerada uma das instituições precursoras do desenvolvimento das ciências no Rio Grande do Sul, estando sua atuação em sintonia com os pressupostos positivistas então vigentes”.  
        Acerca da relação com seu público, já em sua constituição, previa o acesso em geral, e alargava este direito para estudantes e professores, em datas não previstas de abertura. Relatórios sobre a demanda de público faziam parte das obrigações dos gestores e o de  estudantes é registrado como o de maior ocorrência em diversos períodos.  Registra Possamai,
Mesmo com poucos anos de existência, o museu ia  tomando parte na vida escolar dos portoalegrenses,  assegurando um lugar como instituição educativa e  transmissora de saberes vinculados especialmente às  ciências naturais. 

Método intuitivo ou “Lição de Coisas”


O método intuitivo, baseado na observação, na experimentação, na reflexão e na representação, evitando-se a memorização, chegou ao Brasil através de obra norte-americana traduzida por Rui Barbosa. Busca a construção do conhecimento através da visão, tato, audição, odor e sabor, privilegiando o contato  do indivíduo com seu objeto de estudo, real ou mesmo representado (desenho, gravura). Exprime sua experiência pessoal, única e intransferível que, partindo do concreto, formulava abstrações.  A autora vê na metodologia empregada pelo diretor Simch a expressão do método:

É possível observar nas práticas e ideias expressas por  Francisco Rodolpho Simch uma afinidade com os  pressupostos do método intuitivo ao privilegiar a  coleta, estudo, classificação e exposição de coleções vinculadas especialmente às ciências naturais, concebendo seus produtos como aqueles que  permitiriam  uma utilidade prática pela sociedade em favor do desenvolvimento econômico do estado do Rio Grande do Sul. 

                  Entende a instituição como uma referência para as organizações de educação formal que, através da metodologia empregada na aquisição, conservação, pesquisa e exposição do seu acervo do Museu, viam suas demandas educacionais atendidas, em visitas ao Museu Júlio de Castilhos. 
  

                                                        REFERÊNCIA


POSSAMAI, Zita. R.Colecionar e educar: o Museu Julio de Castilhos e seus públicos (1903 1925). Varia História (UFMG. Impresso), v. 30, p. 365-389, 2014. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/vh/v30n53/04.pdf>. Acesso em 20. dez. 2017.



Nenhum comentário:

Postar um comentário