sábado, 5 de dezembro de 2015

PRAÇA DA ALFÂNDEGA, MUSEU DE ARTES DO RIO GRANDE DO SUL E MEMORIAL DO RIO GRANDE DO SUL

Em 1740, Jerônimo de Ornellas recebeu a doação de sesmaria  e deu início oficial à cidade, o Porto de Dorneles. Por aqui aportaram, logo depois, casais portugueses oriundos das Ilhas dos Açores. Seu destino era a região das Missões, mas como estava em litígio, ficaram na cidade e, em louvor de seu santo de devoção, foi construída a Capela de São Francisco das Chagas, na atual Rua dos Andradas. De Porto de São Francisco dos Casais, passou a ser denominada Porto dos Casais. Naquela região, formada pela margem fluvial e atuais Ruas General Câmara, Caldas Junior e Andradas, exercia-se atividade comercial de pequena monta em quitandas e tabuleiros, o que determinou a denominação do espaço como Largo da Quitanda. 
Praça da Alfândega-dias atuais

A cidade distinguida em seus fazeres e topografia dividia-se em uma parte baixa, perto do rio onde se exercia a atividade comercial e a parte alta onde estavam construídas as residências da elite local, teatro, palácio governamental...    

Cais - foto 1900
Em 1803, a Alfândega inicia suas atividades e logo depois é construído um trapiche para maior conforto no recebimento e remessa de mercadorias, futuros moradores livres (como portugueses) e escravos. Em 1806, foi construído um trapiche que no ano seguinte recebeu dois guindastes. Com os aterros e a construção de um novo porto, no início do século XX, já sem atividade, o trapiche foi destruído.
Em 1819, em frente ao antigo trapiche, mas dele separado pela atual Rua Sete de Setembro, teve início a construção do prédio da Alfândega. Com esta edificação, os comerciantes foram compulsoriamente transferidos para o Largo Paraíso (atual Praça Quinze de Novembro). Como houve resistência, foi acordada a permanência dos mesmos no lado oeste da praça.  O prédio foi concluído em 1824.
Em 1848, inicia-se o calçamento de algumas vias como a Rua da Praia, da Bragança (Marechal Floriano) e Praça Paraíso. Em 1866 iniciou-se a arborização da praça que recebeu um chafariz e em 1893, seu nome foi alterado oficialmente para Praça Senador Florêncio.
Em 1912, com a europização das cidades, foi demolido o prédio da Alfândega de 1819, aterrado mais de cem metros de largura do Guaíba e providenciadas as construções do prédio  atual da Delegacia Fiscal (hoje ocupado pelo MARGS) e dos Correios e Telégrafos (hoje Memorial do Rio Grande do Sul).   A região recebeu árvores como palmeiras-da-Califórnia e jacarandás. Na Rua da Praia surgem os cafés, cinemas e redações de jornais.
No período 1913-1914 foi construído o novo prédio da Delegacia Regional da Fazenda no RS, onde, desde 1978 situa-se o MARGS- Museu de Artes do RS.  O projeto arquitetônico é de autoria do arquiteto alemão aqui radicado Theodor Wiederspahn.  Em 1981 foi tombado pelo IPHAN e em 1985 pelo IPHAE.

Prédio dos Correios e Telégrafos (Memorial do RS): assim como o da Delegacia Regional da Fazenda, foi projetado por Theo Wiederspahn e segue estilo eclético com influência no barroco alemão (1910-1930). Foi construído no período 1910-1913.  Nesses prédios destacam-se o exuberante decorativismo e a filosofia positivista do Governo mostrando sua visão de progresso, ordem, higiene e civilização. É significativa a presença de estatuária, especialmente nas fachadas e o uso de concreto, aço e cimento.  Adotam os moldes de cimento e o uso de vitrais e adornos em serralheria.      



Fotos: autora blog. 


Referências:
EZEQUIEL, Marcio. Alfândega de Porto Alegre: 200 anos de história. Porto Alegre, Sindireceita, 2007.

FRANCO, Sérgio da Costa. Guia histórico de Porto Alegre.  2. ed. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1992.
XAVIER, Luiz Merino. A cidade como livro didático: educação patrimonial no âmbito do Programa Monumenta Porto Alegre. In: POSSAMAI, Zita Rosane (Org.). Leituras da Cidade. Porto Alegre: Evangraf, 2010. P. 257-273
Anotações da aula de 19/ago/2015: Professores Drs. Zita Possamai e Luiz Merino Xavier.

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