PRAÇA DA ALFÂNDEGA, MUSEU DE ARTES DO RIO GRANDE DO SUL E MEMORIAL DO RIO GRANDE DO SUL
Em 1740, Jerônimo
de Ornellas recebeu a doação de sesmaria
e deu início oficial à cidade, o Porto de Dorneles. Por aqui aportaram,
logo depois, casais portugueses oriundos das Ilhas dos Açores. Seu destino era
a região das Missões, mas como estava em litígio, ficaram na cidade e, em
louvor de seu santo de devoção, foi construída a Capela de São Francisco das
Chagas, na atual Rua dos Andradas. De Porto de São Francisco dos Casais, passou
a ser denominada Porto dos Casais. Naquela região, formada pela margem fluvial
e atuais Ruas General Câmara, Caldas Junior e Andradas, exercia-se atividade
comercial de pequena monta em quitandas e tabuleiros, o que determinou a denominação
do espaço como Largo da Quitanda.
Praça da Alfândega-dias atuais |
A cidade
distinguida em seus fazeres e topografia dividia-se em uma parte baixa, perto
do rio onde se exercia a atividade comercial e a parte alta onde estavam
construídas as residências da elite local, teatro, palácio
governamental...
Cais - foto 1900 |
Em 1803, a Alfândega inicia
suas atividades e logo depois é construído um trapiche para maior conforto no recebimento
e remessa de mercadorias, futuros moradores livres (como portugueses) e
escravos. Em 1806, foi construído um trapiche que no ano seguinte recebeu dois
guindastes. Com os aterros e a construção de um novo porto, no início do século
XX, já sem atividade, o trapiche foi destruído.
Em 1819, em
frente ao antigo trapiche, mas dele separado pela atual Rua Sete de Setembro,
teve início a construção do prédio da Alfândega. Com esta edificação, os
comerciantes foram compulsoriamente transferidos para o Largo Paraíso (atual
Praça Quinze de Novembro). Como houve resistência, foi acordada a permanência
dos mesmos no lado oeste da praça. O
prédio foi concluído em 1824.
Em 1848, inicia-se o calçamento de algumas
vias como a Rua da Praia, da Bragança (Marechal Floriano) e Praça Paraíso. Em
1866 iniciou-se a arborização da praça que recebeu um chafariz e em 1893, seu
nome foi alterado oficialmente para Praça Senador Florêncio.
Em 1912, com a europização das cidades, foi
demolido o prédio da Alfândega de 1819, aterrado mais de cem metros de largura
do Guaíba e providenciadas as construções do prédio atual da Delegacia Fiscal (hoje ocupado pelo
MARGS) e dos Correios e Telégrafos (hoje Memorial do Rio Grande do Sul). A região recebeu árvores como
palmeiras-da-Califórnia e jacarandás. Na Rua da Praia surgem os cafés, cinemas
e redações de jornais.
No período
1913-1914 foi construído o novo prédio da Delegacia Regional da Fazenda no RS,
onde, desde 1978 situa-se o MARGS- Museu de Artes do RS. O projeto
arquitetônico é de autoria do arquiteto alemão aqui radicado Theodor
Wiederspahn. Em 1981 foi tombado pelo
IPHAN e em 1985 pelo IPHAE.
Prédio dos Correios e Telégrafos (Memorial do RS): assim como o
da Delegacia Regional da Fazenda, foi projetado por Theo Wiederspahn e segue estilo eclético com influência no barroco
alemão (1910-1930). Foi construído no período 1910-1913. Nesses prédios destacam-se o exuberante
decorativismo e a filosofia positivista do Governo mostrando sua visão de
progresso, ordem, higiene e civilização. É significativa a presença de
estatuária, especialmente nas fachadas e o uso de concreto, aço e cimento. Adotam os moldes de cimento e o uso de vitrais
e adornos em serralheria.
Referências:
EZEQUIEL, Marcio. Alfândega de Porto Alegre: 200 anos de história. Porto Alegre,
Sindireceita, 2007.
FRANCO, Sérgio da
Costa. Guia
histórico de Porto Alegre. 2. ed. Porto Alegre: Editora da
Universidade/UFRGS, 1992.
XAVIER, Luiz Merino.
A cidade como livro didático:
educação patrimonial no âmbito do Programa Monumenta Porto Alegre. In:
POSSAMAI, Zita Rosane (Org.). Leituras da Cidade. Porto Alegre: Evangraf, 2010. P.
257-273
Anotações da aula de 19/ago/2015: Professores Drs. Zita Possamai e Luiz Merino Xavier.
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